terça-feira, 8 de maio de 2012

São Caetano, Boca do Rio e Pituba estão entre os 10 bairros mais barulhentos

Do início de 2012 até sexta passada, a Sucom já recebeu 25.608 queixas e apreendeu 1.516 equipamentos. Em 2011, foram 68,3 mil reclamações
Imagine mais de meio milhão de reais destruído por duas máquinas pesadas. Foi o que aconteceu, nesta segunda (7) pela manhã, quando a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) fez ecoar o som de um trator e um rolo compressor, que entraram em atividade para destruir cerca de três mil fontes sonoras apreendidas em operações conjuntas da autarquia e polícias Civil e Militar, entre outros órgãos. Vale lembrar que quem for pego com som alto, vai para a delegacia. Poluição sonora é crime.
Os equipamentos confiscados em ações de combate à poluição sonora, segundo a Sucom, estão avaliados em R$ 500 mil. Toda a aparelhagem foi retirada de circulação entre janeiro do ano passado e deste ano. Servidores usaram marretas para destruir o que não foi destroçado pelas máquinas. Do início de 2012 até sexta passada, a Sucom já recebeu 25.608 queixas e apreendeu 1.516 equipamentos. Em 2011, foram 68,3 mil reclamações.
No ranking dos dez bairros mais barulhentos está São Caetano com 621 registros. No retrovisor aparecem Liberdade (615) e Uruguai (599), na Cidade Baixa. Itapuã (594) e Pituba (500), que já figuraram como regiões do barulho, aparecem nas 4ª e 8ª posições, respectivamente.
“A intensificação das operações tem feito com que a população se conscientize e, aparentemente, há uma migração para outras áreas da cidade”, avalia o titular da Sucom, superintendente Cláudio Silva. “Lamentavelmente, temos vivido esse problema, que é uma questão de educação, saúde e segurança pública”, comenta. Silva afirma, no entanto, que o número de reclamações caiu 8% em relação ao mesmo período do ano passado.
O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, que participou da programação do Dia Municipal Contra a Poluição Sonora ontem, destaca os resultados das operações conjuntas batizadas de “Silere” (verbo em latim que pode ser traduzido como a atividade de permanecer em silêncio).
“A poluição sonora é um vetor do crime porque está ligada ao consumo de bebidas alcoólicas e entorpecentes. Estamos trabalhando de forma preventiva para reduzir a criminalidade e essa parceria será mantida. Em um mês, retiramos 400 equipamentos de som das ruas”, ressalta.
Barbosa lembra que a poluição sonora pode dar cadeia para quem for reincidente. “Está na lei de crimes ambientais e os donos são conduzidos para a delegacia, onde é lavrado termo circunstanciado. É crime de menor potencial ofensivo, mas caso a pessoa incorra na prática, ela pode ser presa”, explica o secretário. Não há registros de cidadãos cumprindo pena por esse crime.
Por faixa etária, segundo a Sucom, a maioria dos infratores (47%) tem entre 26 e 35 anos, e 36 a 45 anos (24%). No estudo da autarquia, 89% dos infratores são do sexo masculino. A principal fonte poluidora continua sendo os automóveis, com 47% das reclamações. As residências (22%), e os bares, restaurantes e boates (11,9%) aparecem na sequência.
Aos fanfarrões que perturbam nos buzus com celulares e rádios, a Sucom adverte: “Os motoristas estão orientados a parar e pedir apoio nosso e da polícia para que os aparelhos sejam recolhidos”, avisa o superintendente.
Segundo Cláudio Silva, os equipamentos apreendidos podem ser resgatados pelos proprietários mediante pagamento de multa. Entretanto, a procura para reaver os aparelhos é praticamente zero. “As multas variam de R$ 800 a R$ 100 mil, a depender da altura que foi flagrado. O prazo para resgate é de 60 dias, mas muitos preferem comprar novos equipamentos porque fica mais barato”, relata.
“Tem som que custa mais que o próprio carro. São verdadeiros minitrios”, acrescenta o subgerente de fiscalização Judielson Ramos. Ele e uma equipe de 33 servidores da Sucom realizam operações, principalmente, nos finais de semana. Antes, os equipamentos eram leiloados. “Acaba voltando para as ruas. Por isso, a alternativa é destruir”, completa Silva. O vereador Geraldo Jr. (PTN) apresentou proposta na Câmara para que ao menos parte dos aparelhos seja reaproveitada nas áreas de saúde, educação e segurança pública.