São Caetano, Boca do Rio e Pituba estão entre os 10 bairros mais barulhentos
Do início de 2012 até sexta passada, a Sucom já recebeu 25.608 queixas e apreendeu 1.516 equipamentos. Em 2011, foram 68,3 mil reclamações
Imagine mais de meio milhão de reais destruído por duas
máquinas pesadas. Foi o que aconteceu, nesta segunda (7) pela manhã, quando a
Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom)
fez ecoar o som de um trator e um rolo compressor, que entraram em atividade
para destruir cerca de três mil fontes sonoras apreendidas em operações
conjuntas da autarquia e polícias Civil e Militar, entre outros órgãos. Vale
lembrar que quem for pego com som alto, vai para a delegacia. Poluição sonora é
crime.
Os equipamentos confiscados em ações de combate à poluição
sonora, segundo a Sucom, estão avaliados em R$ 500 mil. Toda a aparelhagem foi
retirada de circulação entre janeiro do ano passado e deste ano. Servidores
usaram marretas para destruir o que não foi destroçado pelas máquinas. Do início
de 2012 até sexta passada, a Sucom já recebeu 25.608 queixas e apreendeu 1.516
equipamentos. Em 2011, foram 68,3 mil reclamações.
No ranking dos dez bairros mais barulhentos está São Caetano
com 621 registros. No retrovisor aparecem Liberdade (615) e Uruguai (599), na
Cidade Baixa. Itapuã (594) e Pituba (500), que já figuraram como regiões do
barulho, aparecem nas 4ª e 8ª posições, respectivamente.
“A intensificação das operações tem feito com que a população
se conscientize e, aparentemente, há uma migração para outras áreas da cidade”,
avalia o titular da Sucom, superintendente Cláudio Silva. “Lamentavelmente,
temos vivido esse problema, que é uma questão de educação, saúde e segurança
pública”, comenta. Silva afirma, no entanto, que o número de reclamações caiu 8%
em relação ao mesmo período do ano passado.
O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, que
participou da programação do Dia Municipal Contra a Poluição Sonora ontem,
destaca os resultados das operações conjuntas batizadas de “Silere” (verbo em
latim que pode ser traduzido como a atividade de permanecer em silêncio).
“A poluição sonora é um vetor do crime porque está ligada ao
consumo de bebidas alcoólicas e entorpecentes. Estamos trabalhando de forma
preventiva para reduzir a criminalidade e essa parceria será mantida. Em um mês,
retiramos 400 equipamentos de som das ruas”, ressalta.
Barbosa lembra que a poluição sonora pode dar cadeia para quem
for reincidente. “Está na lei de crimes ambientais e os donos são conduzidos
para a delegacia, onde é lavrado termo circunstanciado. É crime de menor
potencial ofensivo, mas caso a pessoa incorra na prática, ela pode ser presa”,
explica o secretário. Não há registros de cidadãos cumprindo pena por esse
crime.
Por faixa etária, segundo a Sucom, a maioria dos infratores
(47%) tem entre 26 e 35 anos, e 36 a 45 anos (24%). No estudo da autarquia, 89%
dos infratores são do sexo masculino. A principal fonte poluidora continua sendo
os automóveis, com 47% das reclamações. As residências (22%), e os bares,
restaurantes e boates (11,9%) aparecem na sequência.
Aos fanfarrões que perturbam nos buzus com celulares e rádios,
a Sucom adverte: “Os motoristas estão orientados a parar e pedir apoio nosso e
da polícia para que os aparelhos sejam recolhidos”, avisa o superintendente.
Segundo Cláudio Silva, os equipamentos apreendidos podem ser
resgatados pelos proprietários mediante pagamento de multa. Entretanto, a
procura para reaver os aparelhos é praticamente zero. “As multas variam de R$
800 a R$ 100 mil, a depender da altura que foi flagrado. O prazo para resgate é
de 60 dias, mas muitos preferem comprar novos equipamentos porque fica mais
barato”, relata.
“Tem som que custa mais que o próprio carro. São verdadeiros
minitrios”, acrescenta o subgerente de fiscalização Judielson Ramos. Ele e uma
equipe de 33 servidores da Sucom realizam operações, principalmente, nos finais
de semana. Antes, os equipamentos eram leiloados. “Acaba voltando para as ruas.
Por isso, a alternativa é destruir”, completa Silva. O vereador Geraldo Jr.
(PTN) apresentou proposta na Câmara para que ao menos parte dos aparelhos seja
reaproveitada nas áreas de saúde, educação e segurança pública.