Ministro Gilmar Mendes acusa Lula de ajudar 'bandidos'
Um dia depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negar em uma nota de apenas 184 palavras ter feito pressão sobre ministros do Supremo Tribunal Federal para adiar o mensalão, o ministro Gilmar Mendes acusou o petista de irradiador da 'central de divulgação' de boatos montada para minar o STF e abafar o julgamento dos mensaleiros.
Em 19 minutos de entrevista, Gilmar Mendes afirmou que
'gângsteres' e 'bandidos' tentam 'melar' o julgamento do mensalão. O ministro
afirmou que o ex-presidente era a central de divulgação de informações, segundo
ele, falsas, de que teria recebido favores do esquema comandado pelo
contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
'Chantagistas, bandidos, desrespeitosos', repetiu o ministro,
com o tom de voz alterado, durante entrevista na tarde de terça na entrada da
sessão de julgamentos da 2.ª Turma do STF. Segundo ele, o objetivo do grupo de
'gângsteres' era atrapalhar o julgamento do mensalão por meio da divulgação de
informações mentirosas de que a Corte estaria envolvida em corrupção.
O ministro afirmou que os 'bandidos' também tentaram fazer isso
com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que é o responsável pela
acusação contra os réus do mensalão. Segundo ele, Lula seria a central das
informações. 'Eu acho que ele está sobreonerado com isso. Quer dizer, estão
exigindo dele uma tarefa de Sísifo.'
Mendes disse que o STF tem de julgar agora o processo aberto em
2007 contra suspeitos de envolvimento no principal escândalo de corrupção do
governo Lula. 'Por que eu defendo o julgamento (em breve)? Porque nós vamos
ficar desmoralizados se não o fizermos. Vão sair dois experientes juízes (Carlos
Ayres Britto e Cezar Peluso terão de se aposentar no segundo semestre), virão
dois novos, contaminados por uma onda de suspicácia. Por isso que o Supremo tem
de julgar neste semestre, tem de julgar logo. E por isso essa pressão para que o
tribunal não julgue.'