Oficiais da Polícia Militar da Bahia repudiam tratamento dado aos grevistas e podem aderir ao movimento
Oficiais da Polícia Militar estão reunidos em assembleia, na noite desta segunda-feira (6), na sede da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, na Pituba. Cerca de 250 associados estão mobilizados em um ato de repúdio contra o tratamento dispensado aos policiais militares em greve, que estão acampados na Assembleia Legislativa.
Por considerar violenta a atitude do Exército contra os grevistas acampados na Assembleia, os oficiais sentiram a necessidade de demonstrar o posicionamento de insatisfação com a situação e com as condições de trabalho da categoria.
Os oficiais voltaram a frisar a necessidade do cumprimento de três pontos daa pauta de reivindicações. A anistia administrativa para os líderes do movimento e revogação dos mandados de prisão; o pagamento da GAP 4, a partir de março; além de uma mesa de diálogo permanente para futuras negociações são exigidos pela categoria.
Existe a possibilidade dos oficiais aderirem a greve, mas, de acordo com o major Copérnico, “enquanto não forem esgotadas todas as possibilidades de negociação, continuaremos dialogando. Greve somente em último caso”, garantiu.
Deputados começam a se posicionar contra desocupação da Assembleia Legislativa da Bahia
A bancada do PTN, que tem três deputados na Assembleia Legislativa (Carlos Geilson, Luizinho Sobral e Coronel Gilberto Santana), se posiciona contra a desocupação da Alba pela força, sem antes esgotar os canais de negociação, justamente na casa do povo, na casa do diálogo. A bancada acredita que não deve haver nenhuma medida que venha de encontro à liberdade de expressão.O governo falhou quando não filtrou a insatisfação da tropa, que já vinha há muito tempo sendo manifestada. E, lamentavelmente, não teve habilidade necessária, para contornar um problema, que aparentemente, parecia ser de fácil resolução.O PTN condena esta onda de violência que toma conta da Bahia e, se posiciona pontualmente contrário a qualquer medida da força pela força, quando ainda tem muito que se negociar. Lembrando que, a preservação da vida humana tem que estar acima de grevistas e governantes.
Crianças, mulheres e um PM desistiram de continuar acampados e deixaram o prédio na madrugada desta terça-feira (7)
Da Redação O oitavo dia de greve da Polícia Militar, na Bahia, mantém o clima de tensão com o 2º dia seguido de cerco das Forças Armadas ao prédio da Assembleia Legislativa, onde estão ocupados os PMs em greve. Crianças, mulheres e um PM desistiram de continuar acampados e deixaram o prédio na madrugada desta terça-feira (7).
Um PM que estava dentro da Assembleia pediu para deixar o grupo e ir para casa durante a madrugada. Foi analisado o pedido para saber se ele era um dos que tinha mandado de prisão expedido. Porém, como não foi confirmado, ele foi liberado a deixar o grupo. De acordo com o Comando do Exército, oito crianças e quatro mulheres também deixaram o prédio.
Um grupo de manifestantes permaneceu em vigília do lado de fora do prédio, acampados em barracas e dentro de carros. Cerca de 400 PMs permanecem dentro da Assembleia. Eles reclamam de falta de água, luz e alimentos.
Tropas do Exército mantém cordão de isolamento em torno do prédio da Assembleia
A Justiça determinou nesta segunda-feira (6) a retirada das crianças que estão na Assembleia Legislativa, onde estão acampados desde a terça-feira (31) policiais militares em greve. Muitos familiares e filhos de PMs estão no local, segundo o Comando do Exército.
A decisão acata um pedido de medido cautelar feito pelo Ministério Público da Bahia (MP/BA). Para o MP, as crianças que estão na Alba estão em situação de risco e a situação não é considerada adequada para elas. A decisão ainda não foi cumprida pelas forças policiais.
Crianças deixam a assembleia
Por volta das 21h desta segunda-feira (6), três crianças deixaram o prédio da Assembleia Legislativa, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). As crianças estavam acompanhadas dos responsáveis, que também permaneciam acampados no local. Segundo informações do colaborador político Ronaldo Souza, eles saíram espontaneamente do local porque as crianças estariam assustadas com as armas e com o cerco do Exército.
Assim que deixaram o prédio, o grupo passou por exames clínicos, receberam atendimento, alimentação e deixaram o CAB em um veículo particular. Momentos antes, o fornecimento de luz no local voltou a ser interrompido. Além disso, os policias e bombeiros militares ameaçaram reagir com a ampliação do cordão de feito por cerca de 600 homens do Exército e 40 agentes do Comando de Operações Táticas (COT).
Por volta das onze horas, mais quatro crianças deixaram a assembleia. Segundo o Exército, a decisão de sair com os filhos foi voluntária dos manifestantes e não há um esquema para a retirada. No total, oito crianças e quatro mulheres deixaram a Assembleia.
Cedeca
O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) também fez um apelo para que as crianças sejam levadas imediatamente para casa, chegando até a enviar um funcionário para negociar no local. "No mínimo, existe um equívoco dos responsáveis em levar crianças para um ambiente de conflito. Expondo essas crianças para a possibilidade de um confronto", afirmou o advogado e subcoordenacor do Cedeca, Waldemar Oliveira.
Para o representante do Cedeca, as crianças estão expostas a um ambiente hostil, sem higine, água e comida, além de expostas a um clima de tensão, o que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "As crianças não optaram estar lá. Elas foram conduzidas, diferente dos adultos que escolheram participar da manifestação. Isso é uma irresponsabilidade", protestou.
OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também criticou a presença de crianças na assembleia. "É grave expor as crianças e a esse tipo de situação. Usá-las como escudo humano para sensibilizar a opinião pública sobre a manifestação que estão fazendo é uma irresponsabilidade, além de ser um crime previsto no ECA. Conforme o artigo 232 do estatuto, submeter criança e adolescente, sob autoridade, guarda ou vigilância dos pais ou responsáveis, a exame ou a constrangimento prevê pena de detenção de 6 meses a dois anos", disse Ariel Castro, vice- presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da OAB e presidente da Fundação Criança.