quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Carnaval começa nesta quinta (16), mas folia já toma conta de Salvador

Para um grupo de estudantes da Escola de Direito da Ufba, a libertação para o Carnaval também começa hoje. Este é o primeiro ano do bloco Alvará de Soltura
Foto: Rafael Martins
Blocos de rua fazem cada vez mais sucesso
Alexandro Mota
alexandro.mota@redebahia.com.br
Carnaval só começa oficialmente amanhã, mas o batuque das fanfarras, dos blocos independentes e das ferramentas que finalizam as estruturas antecipam o clima da festa. “Já é Carnaval desde sexta passada, quando o bloco e banda Habeas Copus, mesmo com greve da PM, arrastou uma multidão, animando as ruas da Barra até as 6h da manhã”, diz Sérgio Bezerra, 62, fundador do bloco Habeas Copus.
Nesta quarta, junto com outros 20 blocos de percussão e instrumentos de sopro, o bloco fundado por Sérgio repete a dose da última sexta e dos últimos 34 anos, com desfiles que lembram os antigos carnavais de marchinhas, de confetes e clima familiar. O grito de carnaval acontece hoje, a partir das 22h, no circuito alternativo Sergio Bezerra, que tem se transformado em tradição.
Para um grupo de estudantes da Escola de Direito da Ufba, a libertação para o Carnaval também começa hoje. Este é o primeiro ano do bloco Alvará de Soltura, que junta amigos ao som de fanfarra. “Com camisa e identificação de presidiários, o bloco prega a libertação de todos para a folia”, diz o estudante Victor Campelo, que coordena o bloco. A concentração é 22h, na Avenida Alameda Marques de Leão, próximo ao restaurante Cabana da Cely.
Xupisco
Nesta terça (14) à noite, a festa foi comandada pelo Bloco Xupisco, que desfilou do largo da Vitória até o bar Caranguejo do Farol, na Barra. Fundado há cinco anos, o bloco contou com 800 foliões, todos de camisa rosa, animados pela Banda Maresia, composta por músicos de filarmônicas de Santo Amaro. O lucro com a venda das camisas vai para uma instituição de apoio a crianças carentes no Bairro da Paz.
O repertório não ficou apenas nas músicas de outros carnavais. “Tem marchinhas, mas de vez em quando a gente puxa um Saiddy Bamba, Tchan, Ivete”, diz o percussionista Francisco Fan, também regente da filarmônica Lira dos Artistas. Talvez por isso o público seja bem diversificado. A médica Daniela Mazzafera, 41 anos, foi conferir a festa pelo caráter beneficente. “Isso faz toda a diferença. Além de ser mais tranquilo e ter gente jovem”.
O Carnaparóquia Folia é outra opção - mais comportada - para quem quer fazer hoje o esquente do Carnaval. Realizado pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Tororó, no centro, haverá concurso de fantasia, de Rei Momo e de Rainha do Carnaval em um baile para recordar e curtir. “Esse é um grito de Carnaval familiar para resgatar as marchinhas e a folia de antigamente”, conta o padre Adriano Franco. Às 18h, a festa é das crianças até as 20h, quando começa a folia dos adultos. Os ingressos custam R$ 5 e a festa acontece ao lado da Paróquia, no Tororó.

No final da tarde de ontem, representantes de diferentes crenças religiosas se reuniram na Igreja de São Francisco, no Terreiro de Jesus, para fazer seus pedidos para o Carnaval 2012. “Pelas situações que temos passado na cidade, e com o início dos festejos, achamos importante fazer uma conexão com o sagrado para que tudo transcorra com paz, harmonia e respeito na folia”, explicou Ana Santos representante da União de Sociedades Espiritualistas.
Estrutura
Nos três circuitos, trabalho intenso para os últimos preparativos da festa. Veículos de comunicação finalizam os espaços onde farão a cobertura jornalística. No Campo Grande, arquibancadas prontas. No Pelourinho, últimos ajustes da decoração, repleta de bandeiras, máscaras e livros, que lembram o homenageado Jorge Amado.
Desde a última segunda, a comerciante ambulante Jocelia Silva Santos, 46, começou a ornamentar e preparar a barraca onde vai vender bebidas e lanches, no Terreiro de Jesus. Mesmo com a estrutura em fase de acabamento, ela e outros 16 vendedores já ocupam o espaço. “Já estou aqui vendendo", conta Jocelia.
No local, ontem, apenas os postos de observação elevado, usados por PMs para fazer a segurança, ainda não foram montados, com previsão para ser concluídos hoje. No circuito Barra-Ondina, o descarregamento de cargas foi grande durante todo o dia e chegou a deixar o trânsito lento em algumas horas do dia.