terça-feira, 24 de julho de 2012

Preso por engano descobre que irmão está preso há quase 2 anos

Custodiado no Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, mandou dois ex-colegas de cadeia até o local em que Romário mora atualmente

A família achou que ele estava morto, alguns policiais o tratavam como foragido, mas, na verdade, Rosemário Alves Maciel, 24 anos, está preso. O homem que fez o irmão inocente passar 84 dias no xadrez, repente para pedir desculpas e justificar o motivo de ter usado o nome de Romário Alves Maciel, 25, no lugar do seu.
Na verdade, Rosemário não veio pessoalmente. Custodiado no Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, mandou dois ex-colegas de cadeia até o local em que Romário mora atualmente, na casa da avó, na Cidade Nova. Na tarde de sexta-feira, Romário estava almoçando quando os dois homens chegaram.

“Primeiro fiquei com medo de meu irmão ter mandado eles para me matar. Aí disseram que só queriam dar um recado”, contou Romário. O recado era, enfim, um pedido de desculpas. “Eles disseram que Rosemário estava arrependido do que fez. Se antes eu já perdoava ele, imagine agora”, disse Romário.
Por intermédio dos rapazes, Rosemário, que é conhecido na prisão como Seu Barriga, também tentou justificar o fato de ter usado o nome do irmão quando foi preso, em 2008, por ter roubado um celular, R$ 5 e US$ 1.
“Parece que Rosemário estava jurado de morte por policiais. Quando o cara dá várias entradas na mesma delegacia, o pessoal quer logo ‘queimar’. Já era a quinta vez que ia preso. Com medo de morrer, sem documentos, deu o nome de Romário”, explicou Luiz Araújo, tio dos irmãos.
Semanas depois, Rosemário (preso sob o nome de Romário) conseguiu fugir da Delegacia de Furtos e Roubos, na Baixa do Fiscal. E nunca mais a família soube dele.
Três anos depois, em abril deste ano, Romário brigou com a mulher e foi denunciado por ela  por ameaça. Quando os policiais puxaram sua ficha, estava lá o registro do assalto.
Dado como foragido, Romário foi preso no trabalho, na frente dos colegas. O erro foi descoberto a partir do exame das impressões digitais. Após 84 dias , na quinta-feira, Romário foi finalmente solto e recebido com festa no bairro.     


Romário foi preso no lugar do irmão (esq.); Tio prova erro em exame (dir)
Coincidência 
A assessoria de comunicação da Secretaria de Administração e Ressocialização Penitenciária (Seap) confirmou que Rosemário está no Presídio Salvador desde janeiro do ano passado.
A Seap garantiu, porém, que o crime cometido pelo preso não é o mesmo que levou Romário a ser detido por engano em 25 de abril. É que Rosemário fez outros assaltos. Um deles no início de 2011. É devido a esse crime que ele espera julgamento no Presídio Salvador. A única coincidência entre os dois delitos é que, tanto em 2008 quanto em 2011, Rosemário roubou um celular.        
Além de perdoar o irmão, Romário disse ainda que pretende visitá-lo em breve. Quer ter uma conversa olho no olho. “Por enquanto estou me preservando. Ainda consta o meu nome na Justiça. Só vou lá quando tiver tudo resolvido”.
Romário disse ainda que não espera apenas o perdão do irmão, mas também quer ser um apoio para sua reintegração social. “A gente sabe que ele viveu muito tempo na rua usando drogas. Vai ter a minha ajuda se quiser se regenerar”, afirmou.
A vida na cadeia dificilmente vai contribuir para essa regeneração. No recado de Rosemário ao irmão, ele também denunciou que está totalmente desassistido dentro da prisão. “Ele disse que esse tempo todo não apareceu lá nem advogado, nem defensor público e nem a família. Mas, no nosso caso, nem sabíamos que ele estava preso. Achávamos que tinha morrido”, destacou o tio Luiz Araújo. 

Embora argumente que os defensores realizam visitas periódicas aos presídios, o defensor em exercício da 5ª Vara Criminal, Antonio Teixeira, reconhece que o número de profissionais é insuficiente para atender às demandas. “Posso dizer que, no mínimo, 85% dos presos dependem da defensoria. Somos o maior escritório de advocacia criminalística da Bahia. A gente tira leite de pedra”, afirmou.





Grevistas pedem afastamento de diretora sindical das negociações

A greve dos professores da rede estadual da Bahia, que completa hoje 105 dias, esteve o tempo todo marcada pelo impasse entre os representantes da categoria e o governo. Agora, o impasse chegou dentro do comando de greve


A greve dos professores da rede estadual da Bahia, que completa hoje 105 dias, esteve o tempo todo marcada pelo impasse entre os representantes da categoria e o governo. Agora, o impasse chegou dentro do comando de greve.
Nesta segunda (22), educadores pediram que fosse votado o afastamento da diretora do setor jurídico da Associação dos Trabalhadores em Educação (APLB-Sindicato), Marilene Betros - uma das principais interlocutoras do movimento -, e do diretor Claudemir Nonato.
De acordo com alguns professores, na última assembleia, Betros adotou discurso favorável ao fim da paralisação. A posição da professora gerou desconfiança dentro do comando. Durante a assembleia desta terça-feira (23), o afastamento das lideranças pode ser colocado em pauta.
“Marilene traz um pensamento que choca com o pensamento da categoria. Ela disse que fez avaliação pessoal e discursou a favor do fim da greve”, afirmou Valdice Borges, do comando grevista.
Outro professor também acusou Betros de articular o fim da paralisação com integrantes da APLB. “Rui Oliveira (presidente do sindicato) está de um lado com outros diretores e Marilene está do outro lado. Ela trabalha com outros integrantes para desarticular o movimento”, disse, pedindo anonimato.
A professora Vanessa Matos, também integrante do comando de greve, ressaltou que existe uma “inquietação da base frente à posição de alguns integrantes do sindicato”. “A base se colocou contrária a Marilene por ter desconfiança da posição dela. O comando tem que ter discurso que atenda aos interesses da categoria. Divergências geram questionamentos”, disse Vanessa.
Críticas Nos corredores do Colégio Central, em Nazaré – novo QG dos grevistas depois que a categoria foi obrigada a desocupar a Assembleia Legislativa –, houve muitos comentários sobre o assunto.
O professor Anderson Silva, que também integra o comando da paralisação, ressaltou que a categoria está “atenta” à posição das lideranças. “Quem está tomando posição contrária, está sendo rechaçado. Muitos estão sendo hostilizados na assembleia. A posição que deve ser levada em conta é a dos professores”.
De acordo com Marilene Betros, o comando de greve e a categoria estão equivocados quanto à sua postura. “Fui má interpretada. Na verdade, chamei a atenção de que deveríamos escutar as proposições que estão sendo apresentadas e votar com consciência. Que fosse permitido colocar as propostas e a expressão de quem quer votar de um jeito ou de outro”, disse.
Em seguida, a diretora do setor jurídico da APLB criticou o bloqueio da categoria quanto a posicionamentos diferentes. “Na assembleia dos professores, só querem ouvir o que agrada. Temos que saber ouvir todos, o debate é para isso. O que pedi - em nenhum momento disse que eu era favorável (ao fim da greve) – foi para discutir quais os caminhos e as saídas para o movimento”, argumentou Betros.
Ela também comentou o pedido para que fosse afastada do campo de decisões do movimento. “Foi uma bala! É duro pra mim, mas tenho consciência de que sempre representei a categoria. Não adianta querer des
truir a imagem de uma pessoa que tem história”, completou.
“Trabalho com responsabilidade e não vou concordar com as incoerências da categoria. Os ânimos estão acirrados e eles (os professores) não querem escutar nada que pareça que a greve vai acabar”, concluiu Betros.
Rui Oliveira, presidente da APLB, não foi encontrado para comentar o assunto.
Colégio Central vira base da greve
Depois que a Justiça determinou a desocupação do saguão Deputado Nestor Duarte da Assembleia Legislativa da Bahia, a nova base dos professores passou a ser o Colégio Central, em Nazaré. Nesta segunda (22), a categoria se reuniu pela primeira vez na unidade para discutir os rumos do movimento.
Divididos em dez zonais (grupos que compreendem regiões escolares), os educadores divergiram sobre a continuidade da paralisação. Para o professor de Matemática Jair Andrés, a greve já terminou. “Agora é só a questão dos 22,22%. Tem professor que não sabe nem por que está aqui. Em todas as assembleias se aprova a continuidade, mas o voto não tem controle. Tem que mostrar o contracheque”, argumentou.
A professora de Educação Física Neilza Reiman discordou: “O professor bem pago trabalha melhor, mas o reajuste não é tudo. Precisamos de outras melhorias”, disse. Hoje, às 10h, tem mais uma assembleia de professores.

Policial é morta com tiro de fuzil durante ataque a UPP no Rio de Janeiro

Soldado Fabiana de Souza morre com tiro de fuzil no peito; é a primeira morte de policial numa favela pacificada

Da Redação
Um ataque de bandidos na noite desta segunda (22) ao prédio da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, provocou a morte de uma policial militar. A soldado Fabiana Aparecida de Souza, 30 anos, estava no segundo andar da sede da unidade quando foi atingida e morreu. Os criminosos metralharam o prédio da UPP.
Fabiana pedia ajuda pelo rádio quando foi alvejada por um tiro de fuzil. Segundo o jornal O Globo, a bala perfurou o colete à prova de balas que ela usava e a atingiu na barriga. A soldado chegou a ser levada para uma Unidade de Pronto Atendimento, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Esta foi a primeira morte de um policial registrado em uma favela pacificada.
Outro policial também ficou ferido no ataque, que teve início às 20h30. Em um outro confronto, policiais trocaram tiros com criminosos, mas ninguém se feriu.O policial foi socorrido para um hospital onde está internado.
Em nota, a Secretaria de Segurança do Rio informou que o contêiner de apoio e a sede administrativa foram atingidos. Fabiana trabalhava havia um ano e quatro meses na Polícia Militar.