quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Gatos e Cães: Amigos ou inimigos?


"Professora Susane Pereira, ela mora na cidade de Buerarema na Bahia e é apaixonada por gatos e cachorros. Nas fotos, estão seu cãozinho de estimação Nino, que já é papai de cinco filhos e seu gatinho Tom".
Frases como “parecem o cão e o gato” dão a ideia que os dois, juntos e a viver debaixo do mesmo teto, não é uma boa ideia. Sim, é verdade que somos animais completamente distintos em termos de aspecto, hábitos e personalidades, no entanto, é possível vivermos em harmonia! Eis algumas dicas para uma convivência pacífica entre felinos e caninos!
Se um gatinho e um cãozinho forem criados juntos desde muito novos, o mais certo é que aprendam a tolerarem-se logo desde o início e até podem crescer e serem grandes amigos, brincando e dormindo a sesta juntos. No entanto, se o seu felino ou canino já for um elemento da família e à qual pretende juntar um cão ou gato novo, então algumas precauções especiais terão de ser tomadas para garantir que não hajam feridos, que a sua casa se mantenha intacta e que você não desista dos seus animais de estimação para o resto da vida!
Passo 1: É certo e sabido que nós felinos podemos perfeitamente coexistir com um cão desde que tenhamos tempo suficiente para nos habituar à sua presença, ao seu odor, ao seu ladrar, às suas brincadeiras (por vezes muito agressivas para o meu gosto, mas adiante!), até porque nós não somos nenhum “gato-vai-com-todos”! Traduzido para linguagem de animais de estimação, isto quer dizer que a primeira introdução terá de ser feita com o gato e o cão ao mesmo nível – sim quero vê-lo olhos nos olhos! Certifique-se que cada um de nós esteja no colo de um dos donos, porque isso dá-nos um sentido de segurança, fundamental para
este primeiro encontro! Vamos tentar ser fortes (eu pelo menos vou!), mas se a dada altura sentir que um ou ambos está muito assustado ou agressivo, o melhor é retirar-me do local e tentar novamente mais tarde. Não force a situação, será pior a longo prazo!
Passo 2: Nunca deve juntar os dois e deixar que se apresentem sozinhos… não me responsabilizo pelo que possa acontecer! Para além das inevitáveis arranhadelas, mordidelas, sessões de bufar e de uivar ou (nem quero pensar!) lesões bem mais graves, uma interacção não supervisionada por adultos pode traumatizar-me para a vida e não só em relação aos cães! A gata da nossa vizinha nunca mais foi a mesma depois da chegada do Lup, aliás, as introduções foram tão mal feitas que ela passou a ter medo dos cães, dos donos e até da sua própria sombra! A verdade é que nunca mais a vi…diz-se por aí que ela não voltou a sair da lavandaria…coitada!
Passo 3: Por tudo aquilo que já leu até aqui, mais vale investir em várias sessões diárias, de alguns minutos cada, para nos familiarizarmos e até nos começarmos a sentir confortáveis na presença um do outro. Até lá, certifique-se que cada um tenha o seu próprio espaço e mantenha-nos confinados a esses locais da casa durante os primeiros dias (com visitas regulares vossas claro!). No meu caso, vou poder habituar-me ao som e aos cheiros do meu colega e em segurança! Depois desse curto “sequestro” (não se preocupe, eu compreendo, é para o meu bem!), coloque a trela no cão e abra a porta do local onde eu tenho estado. Deixe-nos observar um ao outro, mas nada de correrias ou brincadeiras. Sempre que o cão começar a exaltar-se, ordene-o para se “sentar” e estar “quieto” – é mais fácil para nós felinos nos habituarmos à presença de um cão se este estiver tranquilo. Se nos portarmos bem (mesmo que eu fique a observá-lo escondido debaixo da cama!), pode e deve recompensar-nos com elogios e/ou uma guloseima.
Passo 4: Segue-se uma troca de lugares, ou seja, confine o cão durante algum tempo ao quarto onde eu tenho estado e deixe-me explorar o resto da casa. Assim, o cão vai poder familiarizar-se melhor com o meu cheiro e eu vou poder espalhar o meu eau de perfume pelas zonas aonde ainda não esteve.
Passo 5: Durante as próximas semanas comece a juntar-nos no mesmo espaço, mas mantenha o cão na trela sempre que estiver na minha presença e certifique-se que eu tenha sempre uma rota de fuga, em caso de necessidade! Enquanto estivermos juntos na mesma divisão, chame o cão para fazer alguns exercícios de treino, com direito a guloseima e tudo (estão a ver como quero ser amigo dele!).
Passo 6: Volte a confinar-me ao quarto, repetindo o passo 5 até o cão prestar mais atenção a si do que a mim, ou seja, até ele obedecer ao dono mesmo comigo próximo dele. Mantenha-o sempre com a trela e observe-o. Se o cão focar a sua atenção em mim ou dirigir-se na minha direcção, chame-o a atenção, ordenando-o a vir até si ou para se “sentar” ou dê-lhe um brinquedo para distrai-lo. Quando conseguir isto, estará pronto para o passo seguinte.
Passo 7: Peça a alguém para segurar no cão ou colocar-lhe a trela e entre na divisão comigo no seu colo: não desafie o cão, não me assuste a mim, apenas mostre ao seu canino que eu também sou seu! Insista nas sessões de familiarização (sempre supervisionadas!), deixando-nos aproximar, afastar e cheirar…mas sem nunca forçar! Antes pelo contrário, recompense-nos sempre que nos portarmos bem na companhia do outro. A sério que funciona, não é só por causa das guloseimas!
Passo 8: Vá aumentando o tempo que cão e gato passam juntos, mantendo o cão na sua trela até ao dia em que eu, ao entrar na sala onde ele se encontra, não o distraio, nem provoco qualquer reacção. Mesmo assim, mantenha-nos debaixo de olho e atento aos diferentes sinais que emitimos e que por vezes podem ser mal-interpretados: um cão que se deita de costas está a render-se ou a desafiar uma sessão de brincadeira; nós felinos quando estamos de costas não é bom sinal – estamos em estado defensivo e prontos para arranhar e morder se for preciso, por isso, saem da frente! Se um cão estiver à minha volta a ladrar, não se preocupe…preocupe-se se ele estiver silencioso e a aproximar-se lentamente! Vou fugir! E por falar em fugir… mais vale manter-nos separados do que proporcionar uma “caça ao gato” e depois não permiti-la! Por mais meigo que seja um cãozinho, se ele vir algo peludo a passar por ele a correr no sentido contrário, ele vai atrás com o objectivo de “atacar”! Faz parte do instinto canino. Ora, se ele for travado, ficará frustrado, o que pode fazer aumentar a sua agressividade para comigo! E não queremos isso, pois não? Meowwww….
Passo 9: Não desista e tenha muita paciência! Domesticar-nos para viver em harmonia pode demorar dias, semanas ou até meses, mas valerá a pena quando nos vir aos dois enroscados a dormir a sesta! Mas se não chegarmos a viver esses momentos de grande amizade não fique triste, nós não ficamos! O que interessa é vivermos em harmonia e não em guerra! Vai perceber por si só a altura em que pode deixar-nos sozinhos e sem correr perigo de vida: o cão já nem se cansa para me aborrecer e eu já não me escondo debaixo da cama e estou perfeitamente à vontade onde quer que ele esteja. Mas, só quero deixar uma coisa muito clara – os cães não sabem brincar! São uns verdadeiros brutos, mas enfim… nós damos um desconto! Não podemos ser todos perfeitos, pois não? A relação cão-gato é muito simples: primeiro rejeitamos, depois toleramos e no fim procuramos! Prrrrrrrrrrrrrr…..