A decisão provocou reações no meio político do município que vive conflito entre produtores rurais e índios tupinambás. A empresa foi alvo de saqueadores nos dias 16 e 24, durante protestos contra tupinambás.
Vereador Sargento Lobo,disse que vai buscar reunião com o diretor de operações da Ebal, Ricardo Bricídio . “A empresa é quem mais gera empregos no município. São 150 empregos diretos, fora os indiretos”, observa. “Vão parar tudo e colocar em Itabuna. Por que não investe em mais segurança na central?”.
Segundo Sargento Lobo,, haverá forte reação política e popular, caso a Ebal insista em retirar a central de distribuição de Buerarema. “Estão tirando tudo [mercadoria] com cuidado para não ficar evidente a transferência [da central] para Itabuna”, disse.
A decisão da Ebal representaria, na opinião do parlamentar, um desastre para a economia de Buerarema. “Pela Central, são mais de 60 carretas semanais e abastecimento para 63 lojas Cesta do Povo. Ela movimenta do trapicheiro a restaurantes e lanchonetes no município. Por que uma decisão dessas, quando Buerarema mais precisa do Governo do Estado?”, questiona. “Se for confirmada a mudança, nós vamos acionar o governador Jaques Wagner para revertê-la”.
CONFLITO EM BUERAREMA DEIXA MAIS DE 3,6 MIL ALUNOS SEM AULA
O aumento da tensão entre indígenas da etnia tupinambá e produtores rurais em Buerarema, no sul da Bahia, provocou a suspensão das aulas na rede de ensino do município. Desde a última quarta-feira (21) que mais de 3,6 mil estudantes das séries fundamentais não frequentam aula, segundo informou a Secretaria Municipal de Educação.
A decisão de suspender as aulas foi tomada pelo prefeito Guima Barreto (PDT) após o registro das cenas de violência e o acirramento de ânimo entre índios e fazendeiros.
Guima havia publicado decreto suspendendo as aulas até a ultima sexta-feira (26), mas decidiu prorrogá-lo devido às ocorrências do final de semana.
Há duas semanas a cidade vive em clima de guerra. Quatro carros oficiais foram destruídos, a loja da Cesta do Povo foi saqueada por duas vezes e casas foram incendiadas. Uma loja de material de construção que fornecia para os tupinambás também virou alvo.
O temor de derramamento de sangue aumentou ainda mais no sábado (24), quando populares reagiram ao que consideraram “afronta” de um dos líderes dos indígenas. “Gil”, irmão do Cacique Babau, teria visitado a sede do município em uma picape oficial e acompanhado de quatro pessoas. A “afronta” seria um fuzil exibido pelo grupo enquanto desfilava pela cidade.
13 DETIDOS NO FINAL DE SEMANA
13 pessoas foram detidas pela Polícia Militar e Força Nacional de Segurança no sábado (24) por depredação ou destruição de residências, lojas e agências bancárias. Gás lacrimogêneo, spray de pimenta e bombas de efeito moral foram utilizados para dispersar manifestantes na principal praça da cidade.
Populares criticaram a falta de ação da Força Nacional e da Polícia Federal, que permitiram a visita dos indígenas ao centro de Buerarema no sábado, considerado estopim para os ataques.
Dos detidos pela polícia, três foram flagrados saqueando a Cesta do Povo, pertencente à Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), e os demais por tentativa de destruição de lojas e agências bancárias, além de ataques a ônibus. As 13 detenções ocorreram entre 19h30min e 22h do último sábado, segundo informou o Comando de Policiamento Regional Sul, da Polícia Militar.
BANCADA SE MOBILIZA
A bancada de 39 deputados e três senadores baianos decidiu buscar audiência para solicitar a intervenção do governo federal na área de conflito. A decisão foi tomada em reunião, hoje, dos deputados Daniel Almeida (PCdoB) e Félix Júnior (PDT) com a Justiça Federal.
O deputado federal Geraldo Simões (PT) sugere a suspensão imediata da proposta de demarcação das terras. Hoje, o parlamentar fez contato com o governo bueraremense para obter mais informações a fim de subsidiar a audiência com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).