segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Operação da Polícia Federal provocou ação de traficantes

O código Alfa 11 foi disparado pelo comando da Polícia Militar na noite de sexta-feira, com o aviso de ameaças à vida de policiais

Bruno Wendel e Rafael Rodrigues
mais@redebahia.com.br

Uma mensagem mantém os policiais militares e agentes da Polícia Civil em alerta. O código Alfa 11 foi disparado pelo comando da Polícia Militar na noite de sexta-feira, com o aviso de ameaças à vida de policiais. A informação era de que a Polícia Federal teria interceptado ligações de traficantes da quadrilha Comando da Paz, do traficante Cláudio Campanha, com a ordem de realizar ataques a policiais.
A reação do crime organizado seria uma retaliação à Operação Guaricema, da PF, que na semana passada desarticulou um braço de seu grupo criminoso, comandado por João Cleber, o Kekéu, que de dentro do Complexo Penitenciário de Salvador, com celulares, comandava o bando.
"... a facção Comando da Paz do traficante Cláudio Campanha deu ordem para matarem policiais...", diz um trecho do comunicado. O aviso logo se espalhou também entre os policiais civis e instalou o clima de tensão entre entre os agentes que atuam na capital. Prova disso é que a remoção de corpos pelo Instituto Médico Legal (IML), que antes demandava no máximo cinco policiais, começou a ser realizada com até 15 homens fortemente armados.
A situação ocorreu numa remoção na sexta à noite, atrás da Maternidade Tsylla Balbino, na Baixa de Quintas, e também para remoção de um corpo em um matagal em Camaçari. Os policiais que ficam em ronda também estão orientados a manter a arma em punho, para imediata reação em caso de ataques.
Na página oficial da PM na rede social Facebook, o alerta também é reforçado: “O Serviço de Inteligência da PMBA, em sua Coordenadoria de Missões Especiais e em suas Seções e Setores de Missões Especiais, está atento a qualquer tentativa de lesão ao serviço policial. A cada policial, individualmente, cabe manter a atenção e as precauções que são próprias da natureza do profissional policial, sempre evitando exposições e descuidos”, diz o comunicado. A nota explica ser normal “sempre que o Estado adota medidas de combate à criminalidade, os interessados na perpetuação do crime tentam resistir às ações policiais”.
A assessoria de imprensa da PM confirma que o serviço de inteligência interceptou telefonemas que confirmam a ameaça e, por isso, compartilhou a informação com a tropa. No entanto, minimiza que haja um estado de tensão. “Ameaças fazem parte do trabalho rotineiro da polícia. Não é nada extraordinário”, diz o capitão Pita, diretor de comunicação da PM. Quanto a autoria das ameaças, ele não confirma se vieram do grupo de Campanha: “Esta é uma informação sigilosa”.
Já o secretário de Segurança Pública, Maurício Barboza, que está em Nova York, diz que não foi informado pela PM sobre uma possível retaliação do Comando da Paz, nem confirma o estado de alerta. “Não sei de nada disso. Pela experiência que tivemos em 2009, se fosse real estaríamos em alerta. É possível que exista o desejo de retaliação, como houve antes, mas oficialmente nada me foi comunicado”. O secretário ainda ressalta que a possível transferência do criminoso Kekéu para outro estado ou cidade é assunto confidencial. “Não há intenção de transferi-lo, mas mesmo que houvesse eu não poderia informar antecipadamente para salvaguardar a operação”.
Em ação
A inteligência da SSP foi mais rápida do que os bandidos esperavam e se antecipou à primeira tentativa de ação dos traficantes do Comando da Paz. Escutas revelaram que o traficante Marcos Paulo Neri dos Santos, 25, o Marcos Capeta, é quem comandaria o primeiro atentado à vida de policiais. Ele acabou morto no sábado às 6h, no Vale da Muriçoca, em uma operação especial da 41ª Companhia da PM (Federação), Rondesp e 7ª Delegacia (Rio Vermelho).
Capeta tinha antecedentes por estupro, roubo e tráfico de drogas. Com ele foram apreendidos uma pistola Taurus 380 com carregador prolongado para 22 munições, 444 papelotes de maconha; 2,5 kg de maconha prensada, 35g de cocaína e um colete à prova de balas. Com ele estava ainda um rádio-transmissor da segurança privada do supermercado Bompreço do Largo do Papagaio, na Ribeira, e notas de encerramento dos caixas do estabelecimento.
O local foi assaltado recentemente. Segundo informações de fontes da SSP, Capeta estava com a incumbência de levantar dinheiro para financiar o tráfico de drogas, que sofria com a falta de capital de giro por conta de recentes apreensões. O mesmo grupo seria responsável também pelo assalto à casa lotérica na Avenida Joana Angélica, no mês passado, quando foram levados R$ 15 mil.